Nunca percebi o stress das
prendas de Natal, talvez porque desde sempre a minha lista foi pequena ou
porque (e acho que é mais por aqui) desde sempre que ouço os meus pais/avós
explicarem-me que o Natal não são as prendas. Cresci com o discurso de que o
Natal é a festa da Família, o dia em que não se vai trabalhar (acho que já
tinha partilhado convosco que na minha família, somos todos “empreendedores” –
uma palavra pomposa para dizer que somos patrões-e-empregados de nós próprios,
o que reduz muito os dias em que não se trabalha), é o sentarmo-nos todos à
mesa a falar ao mesmo tempo, é ouvir o meu pai contar as mesmas histórias todos
os anos e, ainda assim, chorar a rir; é alguém lamentar-se que os tempos estão
difíceis só para ouvir a minha avó, do alto dos seus 90 anos, responder que nós
não sabemos o que são tempos difíceis e…saber que ela tem razão.
Porque, como diz a minha mãe,
comemos todo o ano e nunca precisámos de esperar pelo natal para comer cabrito
ou bacalhau, também não entramos num frenesim com a mesa. É óbvio que sempre se
dá uma incrementada no menu, mas nada de exageros, até porque “estamos todos
gordos!” (juro-vos que não há natal na minha casa em que a minha mãe, quando vê
a mesa cheia, não se sai com uma dessas).
Quando se tem uma família assim,
as prendas de natal são muito fáceis de encontrar: porque, felizmente, não há
grande falta de bens materiais, uns bilhetes para o teatro ou concerto, uma
escapadinha já planeada faz as delícias de qualquer um. Em boa verdade, o que
gostamos é que alguém deixe tudo tratado para que o outro só tenha de aparecer
(quando o tempo é um bem demasiado escasso, mais do que a questão do dinheiro,
o que se valoriza é o tempo que outro despendeu a poupar o nosso). Às vezes, um
artigo de uma loja que fica mais fora de mão ou em que é preciso encomendar
através da net, independentemente do seu custo, é muito valorizado (para nós
tão fácil, mas para outros mais difícil de terem acesso a ele).
Com uma família pequena e com
este espirito, o Natal é muito fácil.
E os amigos, perguntarão vocês.
Felizmente os meus amigos são pessoas “orientadas”: não precisam de bens
materiais que eles próprios não possam comprar e, são “orientados” porque não têm,
por princípio, entrar em grandes gastos. Quando começámos a trabalhar, e o
dinheiro não abundava (não que agora abunde, mas vocês percebem) preferíamos
juntarmo-nos todos e, o dinheiro das prendas dava para patrocinar uma boa
jantarada (seja em restaurante ou em casa) e tem sido assim desde então.
Com o tempo vieram as crianças e,
aí, valha-nos a promoção dos 75% em cartão do Sr. Continente.
Em suma: gasta-se sempre mais do
que nos outros meses (acho eu), mas são custos controlados, sem grandes loucuras
até porque “o Natal não são as prendas!”
Próximo post: as minhas sugestões de natal.
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